O ciúme pode ditar o final de uma relação, se não for gerido de forma saudável.

A ideia generalizada de que muitas pessoas traem gera receios e ansiedade relativamente a si e ao relacionamento. Com a imagem de ‘amor eterno’ em declínio, o ciúme tem uma porta entreaberta para se intrometer na relação, uma vez que as pessoas quando iniciam uma relação já possuem a dúvida da infidelidade. Nesta perspectiva, o ciúme tem como função a manutenção da relação com o parceiro.
Contrariamente a outros sintomas, que duram enquanto a causa se mantém, o ciúme perdura além das causas, pois pode iniciar-se mesmo sem elas.

Na verdade, o ciúme pode surgir após uma traição, sendo que, a partir desse momento, a pessoa começa a imaginar novos quadros de infidelidade, existindo uma generalização. O outro passa a ser olhado como um potencial traidor, tendo início os comportamentos de controlo e os conflitos. Todavia, outros factores podem justificar o ciúme, nomeadamente a baixa auto-estima, raiva, desconfiança, tristeza, incerteza relacional, interferência de terceiros e o tipo de relação.

É o sexo feminino que evidencia níveis mais elevados de ciúme, o que não significa linearmente que a mulher é mais ciumenta, podendo esta ter apenas maior facilidade em demonstrar o ciúme sentido.

Os homens manifestam menor preocupação com a infidelidade emocional, sendo que a suspeita de infidelidade sexual é aquilo que mais afecta a sua auto-estima e, aparentemente, perante a infidelidade emocional os homens sentem menos ciúme e menos raiva. Já a mulher, partindo da ideia de que o homem tem sexo sem amor, preocupa-se mais com a infidelidade emocional, já que esta é representativa da existência de amor entre o parceiro e outra mulher, enquanto na infidelidade sexual pode não existir amor.

Por fim, o ciúme no sexo masculino pode manifestar-se de forma mais agressiva, física e emocionalmente, enquanto que no sexo feminino se denota uma diminuição da auto-estima e desinvestimento em si, o que vai mantendo o ciúme e medo da perda.

É necessário compreender o que está na base do ciúme e se, efectivamente, existe um motivo coerente para que este surja. A realidade é que, não raras vezes, o ciúme surge sem motivos reais e a pessoa começa a duvidar de tudo aquilo que está à sua volta. Assim, é necessária uma análise verdadeira e racional.

Analisem conjuntamente quais os comportamentos que desagradam a cada um dos dois e discutam formas de os corrigir ou minimizar o seu impacto.

Treine a sua assertividade e capacidade de comunicação, recordando-se que a melhor forma de compreender o outro é sempre através da empatia, ou seja, a capacidade de nos colocarmos no lugar do outro. O diálogo sem ofensa é o ponto de partida para o entendimento

O ciumento dúvida de tudo e até de si mesmo, procurando evidencias para as suas suspeitas. Nestes casos o autocontrolo e a capacidade de pensar racionalmente são essenciais.

Trabalhe a sua auto-estima e autoconceito. Uma das bases do ciúme reside numa baixa auto-estima, insegurança e descrédito nas próprias capacidades.

Quando o ciúme atinge dimensões patológicas e/ou agressivas, recorde-se que uma relação dita “amorosa” não tolera qualquer tipo de agressão ou desrespeito, pois aí perde o estatuto de amorosa.

A terapia de casal ou acompanhamento psicológico pode muitas vezes ser uma ajuda fundamental na resolução do conflito ou na mudança comportamental e emocional. Perceber as causas do ciúme ajudará certamente a conseguir enfrentá-lo.

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