Nos últimos anos, o termo ‘burnout‘ tem ganhado cada vez mais destaque, não apenas nos círculos médicos e de saúde, mas também nas discussões sobre bem-estar no ambiente de trabalho.
Este fenómeno, caracterizado pelo esgotamento físico, emocional e mental causado pelo stresse prolongado no trabalho, tornou-se uma preocupação crescente para empresas e profissionais de recursos humanos.
Neste artigo, exploraremos não apenas o impacto do burnout nos colaboradores, mas também por que a psicoterapia pode desempenhar um papel crucial como benefício corporativo na prevenção e gestão deste problema.
O que é o Burnout?
O burnout, também conhecido como Síndrome de Esgotamento Profissional, é uma condição de exaustão prolongada que resulta de situações de stress crónico no ambiente de trabalho. Diferente de um cansaço comum, o burnout envolve uma sensação de esgotamento que não melhora com o descanso e que afeta profundamente o desempenho profissional e a saúde geral.
Esta síndrome foi oficialmente reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um fenómeno ocupacional, sendo descrita como uma condição resultante do stress crónico no local de trabalho que não foi gerido com sucesso. A sua principal característica é a exaustão emocional e física, acompanhada de uma redução significativa do desempenho profissional e uma sensação de distanciamento emocional em relação ao trabalho.
Quais são os sintomas do Burnout?
Os sintomas do burnout podem variar de pessoa para pessoa, mas geralmente manifestam-se em três dimensões principais: exaustão emocional, despersonalização e a sensação de ineficácia no trabalho.
1. Exaustão emocional
A pessoa sente-se constantemente cansada, tanto física quanto emocionalmente. Mesmo após o descanso, a sensação de esgotamento persiste. Atividades que antes eram simples tornam-se cada vez mais difíceis de realizar.
2. Despersonalização
O colaborador começa a desenvolver uma atitude de distanciamento em relação ao trabalho, aos colegas e até aos clientes. A empatia diminui, e a pessoa pode adotar um comportamento mais cínico ou indiferente. Esta despersonalização é uma forma de defesa inconsciente contra o stress.
3. Diminuição do sentimento de realização
Uma pessoa com burnout sente que o seu trabalho não faz diferença ou que já não é capaz de realizar as suas tarefas com sucesso. Esta sensação de ineficácia gera frustração e desmotivação, agravando ainda mais a condição.
Além destes sintomas principais, o burnout pode manifestar-se através de sinais físicos, como dores de cabeça, distúrbios do sono, problemas gastrointestinais e alterações no apetite. Também é comum o aumento da irritabilidade, a dificuldade de concentração e a perda de interesse por atividades que antes traziam prazer.
Causas do Burnout
Embora o burnout esteja intimamente ligado ao ambiente de trabalho, é importante perceber que não é exclusivamente uma questão de volume de trabalho.
Diversos fatores podem contribuir para o desenvolvimento da síndrome:
- Sobrecarga de trabalho: Excesso de tarefas ou responsabilidades sem tempo adequado para as realizar.
- Falta de controlo: Sensação de que não se tem autonomia suficiente para tomar decisões no trabalho ou de que as decisões tomadas são constantemente revistas ou ignoradas.
- Reconhecimento insuficiente: Ausência de feedback positivo ou de reconhecimento pelo esforço e resultados atingidos.
- Ambiente de trabalho tóxico: Relações conflituosas com colegas ou superiores, falta de apoio e uma cultura de competitividade exacerbada.
- Desequilíbrio entre vida pessoal e profissional: Quando o trabalho consome tanto tempo e energia que sobra pouco espaço para a vida pessoal, aumentando o stress e reduzindo o tempo de recuperação.
Quem está mais suscetível ao Burnout?
Embora qualquer pessoa possa desenvolver burnout, certos grupos estão mais vulneráveis. Profissionais de áreas de alta exigência emocional, como saúde, educação e assistência social, são frequentemente os mais afetados. No entanto, trabalhadores em ambientes corporativos com elevada pressão por resultados, metas agressivas e pouca flexibilidade também estão em risco.
Outros fatores de risco incluem pessoas perfeccionistas, que têm dificuldade em delegar tarefas ou em aceitar falhas, e trabalhadores que sentem que têm pouca autonomia ou controlo sobre o seu trabalho.
Como prevenir o Burnout?
Prevenir o burnout exige uma abordagem abrangente, que envolve tanto a responsabilidade individual como a organização.
Algumas estratégias podem ser adotadas para evitar o desenvolvimento desta síndrome:
1. Estabelecer limites claros
É importante definir e respeitar os limites entre a vida profissional e pessoal. Isto pode incluir não verificar e-mails fora do horário de expediente, evitar sobrecargas de trabalho e garantir que se tenha tempo para o lazer e o descanso.
2. Praticar o autocuidado
O autocuidado é essencial para manter um equilíbrio saudável. Garantir noites de sono adequadas, ter uma alimentação equilibrada, praticar exercício físico regular e reservar tempo para atividades de lazer são formas de prevenir o esgotamento.
3. Procurar apoio
Ter uma rede de apoio, tanto dentro como fora do ambiente de trabalho, pode ajudar a gerir o stress. Conversar com colegas sobre as dificuldades, procurar apoio de amigos e familiares, ou até mesmo consultar um profissional de saúde mental, pode fazer a diferença.
4. Gerir o tempo de forma eficaz
Aprender a priorizar tarefas e a gerir o tempo de forma eficaz é essencial para evitar sobrecargas. Delegar tarefas quando possível e evitar o multitasking também pode ajudar a reduzir o stress.
5. Procurar um ambiente de trabalho saudável
Empresas que promovem um ambiente de trabalho positivo e de apoio tendem a ter menos casos de burnout. Programas de bem-estar, políticas de flexibilidade e reconhecimento, e uma comunicação aberta podem contribuir para o bem-estar dos colaboradores.
Conclusão
O burnout é uma condição séria que afeta não só o indivíduo, mas também a produtividade e o ambiente de trabalho como um todo. Reconhecer os sinais precoces e adotar estratégias de prevenção é crucial para evitar o desenvolvimento desta síndrome. Para as empresas, investir em programas de saúde mental e bem-estar não é apenas uma forma de apoiar os colaboradores, mas também uma estratégia eficaz para garantir uma equipa mais motivada, produtiva e saudável.
Prevenir o burnout não é apenas uma responsabilidade individual, mas um compromisso que deve ser partilhado entre trabalhadores e empregadores para criar um ambiente mais sustentável e equilibrado.