No ambiente profissional, saber comunicar com clareza e respeito é uma das competências mais valorizadas — e também uma das mais difíceis de pôr em prática. Muitas pessoas evitam dar a sua opinião com medo de magoar, gerar atritos ou ser mal interpretadas.
Outras acabam por ser demasiado directas e criam tensão sem querer.
A chave está na assertividade: a arte de expressar o que se pensa e sente, de forma clara, respeitosa e sem agressividade.
Neste artigo, vais descobrir como desenvolver a assertividade no trabalho e aprender a comunicar de forma mais eficaz, sem criar conflitos desnecessários.
O que é ser assertivo?
Ser assertivo é encontrar o equilíbrio entre dois extremos: a passividade (não dizer nada para evitar conflitos) e a agressividade (dizer tudo sem filtro, magoando os outros). A assertividade é a capacidade de comunicar de forma honesta e directa, ao mesmo tempo que se respeita o ponto de vista dos outros.
Uma pessoa assertiva:
Mantém a calma em conversas difíceis.
Expressa a sua opinião mesmo quando é diferente da maioria;
Consegue dizer “não” sem sentir culpa;
Defende os seus direitos sem atacar os outros;
Aceita críticas construtivas e sabe dá-las de forma adequada;
Porque é importante ser assertivo no trabalho?
Num ambiente profissional, ser assertivo traz diversos benefícios:
- Melhora a comunicação entre colegas e líderes;
- Diminui mal-entendidos e fofocas;
- Reduz o stress causado por conflitos mal resolvidos;
- Ajuda a ganhar respeito e confiança;
- Facilita a resolução de problemas em equipa;
- Dá segurança para definir limites saudáveis.
A falta de assertividade pode levar à acumulação de frustrações, à perda de oportunidades e até ao desgaste da saúde mental.
Como praticar a assertividade no trabalho
1. Conhece os teus direitos e valores
Para ser assertivo, é fundamental saber o que se quer, o que se tolera e onde estão os limites. Não é possível defender os próprios interesses se nem sequer se sabe o que é importante para si.
Antes de uma conversa delicada, faz este exercício:
- O que quero comunicar?
- Porquê que isto é importante para mim?
- Qual é o meu limite nesta situação?
Esta preparação ajuda a entrar na conversa com mais segurança.
2. Usa a linguagem “eu” em vez de “tu”
Trocar frases acusatórias por afirmações pessoais muda completamente o tom da conversa.
Por exemplo:
“Tu nunca me deixas falar nas reuniões.”
“Sinto que não tenho espaço para partilhar as minhas ideias nas reuniões.”
Ao focares-te no teu sentimento e não na acção do outro, evitas ataques e deixas o diálogo mais aberto.
3. Aprende a dizer “não” de forma clara e educada
Muitas pessoas têm dificuldade em recusar pedidos por medo de parecerem antipáticas ou incompetentes. Mas saber dizer “não” é essencial para proteger o próprio tempo e energia.
Exemplo prático:
“Neste momento estou com outras prioridades, por isso não consigo assumir essa tarefa, mas posso ajudar a encontrar outra solução.”
Recusar não precisa de ser rude. O segredo está na forma como se diz.
4. Mantém a postura e o tom de voz calmos
A forma como se comunica importa tanto quanto as palavras usadas. Um tom de voz agressivo ou uma postura fechada pode gerar tensão mesmo quando o conteúdo é razoável.
Dicas práticas:
- Fala com firmeza, mas sem elevar a voz;
- Mantém contacto visual;
- Usa gestos suaves, sem apontar dedos;
- Evita cruzar os braços ou revirar os olhos.
Estas pequenas atitudes transmitem segurança e abrem espaço ao diálogo.
5. Gere conflitos com empatia
Ser assertivo não significa vencer uma discussão, mas sim encontrar um entendimento comum.
Sempre que possível, tenta ver a situação pela perspetiva da outra pessoa. Pergunta, escuta, reconhece o ponto de vista do outro.
Frases úteis:
- “Percebo o teu lado…”
- “O que sugeres para resolvermos isto juntos?”
- “Vamos ver se conseguimos chegar a um acordo.”
Esta abordagem promove respeito mútuo e reduz o clima de confronto.
Assertividade não é o mesmo que ter sempre razão
Um dos maiores equívocos sobre assertividade é pensar que se trata de “impor a própria opinião”. Na verdade, uma pessoa assertiva sabe que não precisa de ter sempre razão — mas tem o direito de ser ouvida. A diferença está na atitude: firme, respeitosa, equilibrada.
Quando a assertividade não é bem recebida
Infelizmente, nem todos os ambientes profissionais valorizam a assertividade. Pode haver colegas que confundem franqueza com arrogância ou superiores que veem opiniões divergentes como ameaça.
Nestes casos:
- Mantém-te fiel aos teus valores;
- Evita confrontos desnecessários, mas não te anules;
- Procura aliados e apoio dentro da empresa;
- Se necessário, considera procurar novos ambientes onde possas crescer com liberdade.
A assertividade não deve ser usada como arma, mas também não deve ser silenciada por medo.
Conclusão: falar com clareza é um acto de respeito
Dizer o que pensas sem criar conflito é possível — e necessário. No trabalho, isso significa mais do que defender ideias: é cuidar das relações, dos limites e da própria saúde emocional. A assertividade constrói pontes em vez de muros, e abre portas onde o silêncio fecha oportunidades.
Com prática, empatia e coragem, é possível comunicar com mais impacto — sem ferir, sem se calar e sem se perder no processo.