Narcisismo

Muitas vezes a palavra “narcisismo” é utilizada no senso comum de maneira pejorativa, para designar um excesso de apreço por si mesmo. Para a psicanálise, trata se de um aspecto fundamental para a constituição do sujeito. Um tanto de amor por si é necessário para confirmar e sustentar a auto-estima, mas o exagero é sinal de fixação numa identificação vivida na infância.

Diz o mito grego que Narciso era uma criança tão linda e admirada que a sua mãe, Liríope, preocupada com esse excesso, levou-o até o sábio Tirésias. Ele disse-lhe que o menino só teria uma vida longa se visse a própria imagem. Por muito tempo essas palavras pareceram destituídas de sentido, mas os acontecimentos que se desenrolaram mostraram que estava certo.

Na adolescência, Narciso era um jovem belíssimo, mas muito soberbo. Ao passear certo dia pelo campo, a jovem Eco viu-o e apaixonou-se por ele, mas o rapaz repeliu-a. Um dia, cansado, Narciso dirigiu-se a uma fonte de águas límpidas.

Eis então que a profecia se realiza: ao ver-se reflectido no espelho das águas, enlouqueceu de amor pelo próprio reflexo. Embevecido, não tinha olhos nem ouvidos para mais nada: não comia ou dormia. Em vão, Eco suplicava o seu olhar. Mas Narciso só olhava para si.

Realiza-se, então, o seu destino: mergulha no espelho e desaparece no encontro impossível.

A sua sede de amor é grande, mas ao mesmo tempo existe um certo ódio à relação amorosa e uma descrença no amor que o leva a estragar a relação ou a nunca a conquistar.
A forma como estes indivíduos agem numa relação pode ser variada:

  • Podem estar sempre a solicitar afecto, frequente em personalidades histéricas, em que estão sempre a pedir atenção;
  • Podem adoptar um comportamento paradoxal, ou seja, dar afecto com o ímpeto de o receber. O principal interesse é receber, típico nas personalidades depressivas, dando muito afecto mas também o exigindo;
  • E podem exercer um ataque ao narcisismo dos outros, isto é, procurar desvalorizar os outros e criticá-los. Esta atitude narcísita de ataque aos outros é muitas vezes acompanhada de um auto-engrandecimento, o de se julgarem melhor que os outros e tomarem uma atitude omnipotente em relação aos outros.

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