Ciência e Religião e a Lei da Atração

Embora a lei da atracção possa ser aplicada universalmente, não deve ser interpretada de forma errónea, podendo significar que o seu potencial não foi exposto ao público em geral e, consequentemente, não foi alvo das suas críticas. Numerosas sociedades científicas e teológicas fizeram ouvir a sua voz e desaprovaram largamente esta nova teoria emergente.

Ciência

Entre os mais fervorosos contestatários estão os que apontam falhas aos fundamentos científicos em que se baseia a lei da atracção. Esta teoria científica surge bem explicada no mais recente livro de Michael J. Losier, A Lei da Atracção.

“Existe um fundamento fisiológico para o pensamento positivo e o seu efeito na criação da lei da atracção.

Como certamente se recorda das aulas de ciências do liceu, existem muitas formas de energia: atómica, termal, electromotora, cinética e potencial. A energia nunca pode ser destruída.

Recordar-se-á também que toda a matéria é constituída por átomos, e cada átomo tem um núcleo, composto por protões e neutrões, em torno do qual gravitam os electrões.

Os electrões de um átomo gravitam sempre em níveis de energia, ou numa órbita, “definidos” em torno do núcleo, que asseguram a estabilidade do átomo. Os electrões podem ser obrigados a assumir órbitas “mais elevadas” através da adição de energia, ou podem libertar energia quando “descem” a uma órbita inferior. Quando surgem as “vibrações”, se os átomos estiverem “alinhados”, eles criam uma força motriz, puxando em conjunto numa mesma direcção, como acontece quando os metais são magnetizados ao alinharem as suas moléculas na mesma direcção. Esta criação de pólos positivos (+) e negativos (-) é um facto da natureza e da ciência. Basta dizer que a ciência demonstrou que se existem leis físicas que podem ser observadas e quantificadas num campo, existem provavelmente leis similares noutros campos, mesmo se elas não podem ser quantificadas neste momento.

Como pode ver, a lei da atracção não é um termo imaginário ou uma magia da idade moderna; é uma lei da natureza em que cada átomo do seu corpo está constantemente a responder a alguma coisa, quer você a conheça ou não.”

As ideias presentes nesta explicação foram brevemente referidas nas explicações referentes aos fundamentos da lei da atracção; contudo, de forma a compreender a controvérsia em torno destas assunções, é importante que primeiro compreenda que assunções são estas.

Os defensores da teoria sustentam que a eficácia da lei da atracção deriva da sua origem no campo da física e os seus fundamentos derivam do campo da mecânica quântica; afinal, o argumento primordial contra muitas ocorrências metafísicas é que como as suas origens podem ser especuladas, elas só muito raramente têm um pequeno conjunto de circunstâncias físicas evidentes que as apoia. Quem contesta a validade de uma teoria, ainda que se manifeste num plano mais elevado, tem as suas raízes bem presas nos fundamentos da ciência moderna.

Infelizmente, muita da “evidência científica” que tem sustentado a lei da atracção não foi provada de forma conclusiva nem com reprodutibilidade suficiente para permitir que seja considerada uma lei efectiva da natureza. Todo o eixo em que gira o mundo científico foi descrito por Richard Feynman, um dos mais excepcionais físicos do seu tempo, um homem cujas obras e ensinamentos podem ser encontrados em muitas livrarias e bibliotecas universitárias.

No seu livro Six Easy Pieces (Seis Peças Simples), Feynman afirma:

“… a natureza, como a conhecemos hoje, comporta-se de uma forma em que é basicamente impossível fazer uma predição exacta daquilo que vai acontecer numa dada experiência. Isto é uma coisa horrível; de facto, os filósofos disseram antes que um dos requisitos da ciência é que, desde que se verifiquem as mesmas condições, irá acontecer a mesma coisa. Isto simplesmente não é verdade, não é uma condição fundamental da ciência… Afirmamos que… o simples teste da validade de uma ideia é uma experiência.

Se descobrimos que a maioria das experiências funciona da mesma forma, tanto em Quito como em Estocolmo, então esta “maioria” de experiências será usada para formular a mesma lei geral… Poderemos criar uma forma de resumir os resultados da experiência, e não temos de estar muito avançados no tempo para saber como é que essa forma irá parecer.

Se dissermos que as mesmas experiências irão produzir sempre o mesmo resultado, tudo muito bem, mas se quando as fizermos, elas não resultarem da mesma maneira, então não resultam.”

É isto mesmo, vindo da boca de um dos mais conceituados nomes da ciência. Contrariamente àquilo que os professores lhe ensinaram na escola primária, não é necessário que uma experiência seja reprodutível para que seja considerada válida e significativa.

Esta é uma importante lição, para recordar ao longo da vida; contudo, relativamente ao processo de uma teoria que se torna numa lei estabelecida, é importante que qualquer experiência conduzida por uma teoria como seu fundamento seja reprodutível sob a maioria das circunstâncias.

As tentativas experimentais da lei da atracção, que foram realizadas com “sujeitos-teste”, deixaram uma grande “zona cinzenta” relativamente à decisão da mesma ser considerada efectivamente uma lei ou não. Desde que os investigadores lidam com a psiche humana como algo mais que um objecto físico que pode ser manipulado e controlado, tem sido praticamente impossível estabelecer condições adequadas de teste que garantam um elevado nível de precisão e resultados completamente imparciais.

Para que uma experiência da lei da atracção possa ser considerada conclusiva, é necessário que os sujeitos sigam meticulosamente as linhas de orientação. Isto significa que eles têm de remover toda a energia negativa da área subconsciente da sua psiche. Esta é uma condição que é considerada uma “missão crítica” em qualquer experiência, que até agora tem sido impossível de controlar pelos investigadores.

Os sujeitos inseridos na experiência não podem ser forçados, através de meios artificiais, a remover os pensamentos negativos do seu subconsciente; eles podem até nem saber que esses pensamentos negativos lá estão (afinal, por algum motivo é chamado de subconsciente).

Uma vez que o elemento chave do sucesso da lei da atracção é permitir que a energia positiva domine os seus processos de pensamento, qualquer energia negativa que permaneça, mesmo que esteja profundamente enterrada, longe da consciência, irá ter uma reacção adversa nos resultados da experiência.

Além disso, desde que os investigadores lidam com a psiche humana, existe um outro factor que nunca foi comprovado através de meios científicos, mas que é aceite como facto em todo o mundo: o poder da mente humana. Isto pode parecer-lhe algo confuso, e estará provavelmente a perguntar a si mesmo porque é que a mente humana é um problema, se é justamente o poder da mente humana que você está a tentar dominar, de forma a alcançar o sucesso com a lei da atracção.

As razões são simples. Existem três factores importantes que surgem no caminho de uma pessoa que pretende alcançar determinados objectivos. O primeiro deles é o corpo, e o segundo é o meio envolvente. Cada um deles desempenha um pequeno papel na capacidade de uma pessoa realizar uma tarefa que escolheu para si própria. Contudo, nenhum destes é o factor essencial responsável pelo sucesso ou pelo fracasso da missão de uma pessoa.

A mente humana é o principal obstáculo presente no caminho de uma pessoa e dos seus sonhos. Se uma pessoa não acreditar que será capaz de ultrapassar os obstáculos sociais e do meio envolvente que surgirem no seu caminho, então não será capaz de concretizar os seus objectivos. Por outro lado, se acreditar que poderá triunfar sobre todas as adversidades, então o sucesso é garantido. Contudo, tal não acontece sempre devido a alguma forma de influência cósmica.

Vamos olhar para este dilema pelos olhos de um jovem recém-formado, que acaba de sair da universidade e que deseja iniciar a sua carreira profissional. Se ele tiver muitas dúvidas sobre as suas capacidades de sucesso no campo profissional escolhido, a sua mente irá reconhecer esse negativismo e irá torná-lo um facto.

Ele não conseguirá ser tão persistente como deveria para conseguir encontrar um emprego e, quando o conseguir, irá quase inevitavelmente ser um desastre na entrevista, porque estará tão certo do seu fracasso que não será capaz de mostrar as suas qualidades. Por outro lado, se estiver confiante que será bem sucedido, essa confiança irá sobressair em todas as suas acções, permitindo-lhe ter uma entrevista positiva e conseguindo o emprego dos seus sonhos.

Não existiu aqui qualquer influência cósmica, foi apenas um ajustamento na atitude que conduziu a um ajustamento na apresentação. É impossível olhar para os resultados de qualquer experiência relacionada com a lei da atracção e ser capaz de afirmar com cem por cento de certeza que os resultados positivos dessa experiência foram o resultado de alguma forma de influência cósmica, mais do que pura determinação humana.

Os resultados experimentais não são a única questão a causar alguma contenção entre a comunidade científica. Uma boa parte da teoria está também debaixo de fogo. A verdade é que, de um ponto de vista científico, a evidência mais objectiva que suporta a existência física da lei da atracção na natureza é na realidade fraca. Ao contrário de muitas outras experiências que lidaram com propriedades não-metafísicas da ciência, é virtualmente impossível para os cientistas examinarem realmente os elementos individuais que compõem a lei da atracção.

As vibrações que são emitidas pelo corpo, relacionadas com a vontade e com as emoções, ainda são em grande parte uma ideia conceptual, e enquanto os cientistas tentam ser capazes de identificar as marcas exactas de energia que são emitidas pelo corpo, a tecnologia para reconhecer se são boas ou más simplesmente não existe, seja apenas com fundamento no corpo físico ou também nos aspectos emocionais.

Além destas dificuldades, os cientistas ainda não possuem meios para identificar as ondas específicas de energia que abrangem um evento. Para cada mudança relacionada com o status quo na natureza existe uma cascata de eventos precedentes que devem ocorrer de forma a que os acontecimentos sucedam como pretendido para um resultado específico, e um efeito sequencial de mudanças que irão ocorrer como resultado desta alteração.

É impossível determinar se de facto está presente ou não uma energia para cada um destes eventos, e o modo como as várias formas de energia interagem para resultar em determinadas circunstâncias ainda é um mistério.

Ainda está confuso? Provavelmente, aquele que é precisamente o ponto em que se gera a maior controvérsia da lei é fundamentado. A teoria simplesmente não faz sentido de uma forma que possa ser especificamente encaminhada para uma equipa científica, e ser provada através de métodos científicos. Em que ponto é que isso coloca a comunidade científica? As respostas ainda não foram encontradas.

Religião

Como já foi referido antes, os cientistas não são os únicos a ter questões por resolver, relacionadas com a lei da atracção. Vários sectores religiosos tomaram como grande ofensa o facto de as pessoas poderem ser capazes de decidir o seu próprio destino, apenas com base no poder da sua mente. Porque é que isso acontece? Afinal, o facto de se pensar que alguém pode ter o potencial de desfrutar do poder da mente e ser capaz de dirigir o curso da sua própria vida, é algo próprio daqueles que têm um conhecimento mais profundo de todas as coisas que não são visíveis.

A razão para a sua oposição é o facto de, se as pessoas são capazes de controlar o curso das suas próprias vidas, isso ocupa de alguma forma o lugar de Deus na vida de hoje. A teoria do papel da divindade na maioria das religiões é que são as orações e os sacrifícios a essa divindade que determinam o seu destino nesta vida, assim como na outra. A decisão suprema, relativamente ao seu destino final, assenta totalmente sobre os ombros dessa divindade, e se você tiver sorte a sua divindade será clemente e irá garantir-lhe muita prosperidade na vida.

Se você escolher seguir um caminho que acredita que irá dar-lhe a possibilidade de ter o controlo da sua vida, completamente fora das mãos da sua divindade, o que é que isso diz da sua fé? Discute-se que a crença na lei da atracção significa que aquele que acredita duvida do poder da sua divindade, uma atitude que não só coloca em causa os princípios fundamentais de qualquer religião (a crença suprema e inquestionável é a base que sustenta qualquer divindade; afinal, o que é um deus senão alguém que encontrou alguém que o venere?), como poderia levar à queda de toda a classe de religiões, e isso é algo com que a maioria das sociedades simplesmente não está preparada para lidar.

Uma outra crença que sofreu um forte abalo na presença da lei da atracção é aquela que defende que o universo existe num equilíbrio delicado, e todos os acontecimentos que sucedem são o resultado do universo a tentar manter esse equilíbrio.

A possibilidade do homem poder determinar os eventos que acontecem na sua própria vida é uma bofetada para aqueles que acreditam nesse equilíbrio; afinal, se o homem pode decidir os acontecimentos do futuro, o que é que assegura que esse equilíbrio permanece? Como é que os humanos podem viver confortavelmente, sabendo que a qualquer momento a vida como eles a conhecem pode terminar, se o poder da lei da atracção conduzir a acontecimentos que podem mudar completamente o mundo?

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