As Pessoas Podem Realmente Mudar ?

David Lucero sabia para onde queria ir; queria ir para El Paso, no Estado do Texas.
David tem cerca de sessenta anos, creio eu. Nos últimos três meses tem vivido no passeio de uma rua da estação de autocarros de Greyhound.

Não sei há quanto tempo David é um sem-abrigo.

Ele é um dos muitos que deambulam pela América – mentalmente doente, incapaz de tomar conta de si próprio, incapaz de lidar com a vida. Fica feliz sempre que pode conversar, ainda que tenha de repetir muitas vezes que tem dificuldades em entendê-lo: David está a perder a audição.

Um dia tentei levá-lo a um refúgio para os sem-abrigo. Tudo o que ele tinha de fazer era entrar na carrinha. Ele tinha de tomar uma decisão: entrar ou ficar na rua. A decisão certa poderia ter dado início a um ciclo de regeneração e de mudança, mas seria mais do que David se sentia capaz de fazer naquela manhã. Decidiu ficar na rua, esperando pela sua viagem imaginária a El Paso.

Quando conheço pessoas como o David, digo para mim próprio que Lewis Carroll não inventou nada quando escreveu Alice no País das Maravilhas. Tenho encontrado muitas pessoas que são elas próprias Gatos Que Riem, Chapeleiros Loucos e Rainhas de Copas.

Tenho estado diariamente em contacto com pessoas cujas vidas e famílias têm sido destruídas por maus hábitos: pessoas viciadas no tabaco, no álcool e nas drogas; pessoas que gastam demasiado, que comem demasiado, que sofrem de ansiedade crónica; pessoas pessimistas, que adiam constantemente, e pessoas que nunca irão perdoar-se por algo que aconteceu há muito tempo.

Tenho presenciado directamente como os maus hábitos impedem as pessoas de viverem uma vida feliz e saudável. Para onde quer que olhe, as pessoas querem saber porque é que são infelizes. E querem saber o que podem fazer sobre isso.

Os programas de entretenimento oferecem um menu constante de curas milagrosas para cada tipo de mau hábito que se possa imaginar – existe de tudo, desde programas para perder peso rapidamente até lições de vinte minutos de pensamento positivo que prometem curar a depressão. Somos constantemente bombardeados por programas que prometem resultados rápidos e sem esforço: Perca peso rapidamente sem deixar de comer tudo aquilo que deseja! Resultados garantidos! Claro.

Somos constantemente inundados de soluções e respostas para os problemas. E quanto mais soluções existem, mais difícil se torna perceber qual delas resulta efectivamente. Muitas pessoas já falharam tantas vezes que quase desistiram da batalha; outras acabaram mesmo por desistir ao fim de muito tempo.

É possível libertar-se dos maus hábitos? As pessoas podem realmente mudar de forma significativa? Posso mudar-me a mim próprio? A resposta a cada uma destas questões é “sim”. Mas você não conseguirá mudar em 24 horas, como prometem alguns programas e livros de auto-ajuda.

A minha pesquisa, assim como a minha experiência e senso comum, dizem-me que qualquer pessoa pode mudar mas, ao mesmo tempo, sei que as pessoas precisam de uma razão convincente para mudarem.

O que significa mudar?

Mudar significa estabelecer novas prioridades – escolher um comportamento que seja diferente daquele que você tem actualmente. David Lucero ainda anda pelas ruas, à espera de uma solução que não existe. Quando existe uma solução real mesmo à frente do seu nariz, ele não consegue vê-la.

Não sei quando a sua audição começou a degradar-se. E embora ele veja, sinto que ele tem estado cego durante muitos anos. Não conheço a história da sua vida, mas suspeito que seja uma história de maus hábitos e de más decisões.

Também estou certo que é uma história plena de pessoas erradas e de más circunstâncias. Mas chegamos a um ponto em que temos de abandonar as coisas, as pessoas e as circunstâncias que nos influenciaram. Concentrarmo-nos no passado não ajuda a resolver o presente. Há uma altura em que temos de tomar a responsabilidade pelas nossas próprias vidas.

Suspeito que terão sido os maus hábitos e as más escolhas que trouxeram David a este ponto – dia após dia, ano após ano – até que ele bateu no fundo. É sempre assim que as coisas acontecem.

Aprender a libertar-se dos maus hábitos começa com a percepção que nós somos responsáveis pelos nossos próprios sentimentos. Eu sou a causa principal dos meus próprios problemas. No momento em que eu compreender esse simples facto, estou pronto para dar início ao processo de mudança individual que irá conduzir-me à libertação dos hábitos que me impedem de desfrutar de uma vida mais satisfatória. E quando eu estiver livre dos meus maus hábitos, as pessoas à minha volta também estarão livres da pessoa que eu era.

Todas as pessoas podem causar mudanças superficiais em si próprias.

Mas libertar-se de hábitos auto-destrutivos como o tabaco ou a alimentação excessiva requer uma mudança profunda e definitiva. Um mau hábito é como um iceberg; você não conseguirá eliminar um mau hábito se assumir que a sua dimensão é apenas aquela que se vê à superfície.

Franz Kafka disse, “um livro deve ser o machado para o mar gelado dentro de nós.” Qualquer livro ou programa que se proponha ajudar as pessoas a acabar com os maus hábitos deve revelar totalmente o iceberg que está abaixo da superfície.

Você não poderá eliminar os maus hábitos por completo num só dia, mas se fizer uma abordagem passo a passo poderá eliminá-los mais depressa do que julgava possível. Mas para isso será preciso um esforço da sua parte.

Você não pode comer tudo o que lhe apetece e perder peso, não importa quantas vezes você ouvir isso na televisão. Mas você pode perder peso e pode aprender a apreciar mais uma alimentação saudável do que as comidas rápidas que come agora.

David construiu uma prisão verbal para si próprio.

A sua definição do problema não parece dar-lhe qualquer escolha; ele evita tomar a responsabilidade para si próprio. Para receber os benefícios inerentes às refeições diárias, a um banho quente, a roupas limpas, a uma cama, a cuidados médicos, a companheirismo, assim como à ajuda que uma assistente social poderia dar-lhe – ou até mesmo ao bilhete de autocarro para El Paso, se de facto fosse para lá que ele devesse dirigir-se – ele tem de destruir a prisão.

Mas David está convencido que não pode ir para o refúgio pois, caso o fizesse, perderia a viagem para El Paso. É assim que as pessoas se fecham em prisões feitas por elas mesmas.

Estou a relatar alguns casos extremos, porque os vejo todos os dias. Mas também penso que estes casos extremos tornam mais fácil ver as verdadeiras questões e desafios que são enfrentados pelas pessoas que não estão obviamente perante situações tão graves.

David não está consciente dos elaborados mecanismos que ele próprio construiu para esconder a verdade de si mesmo, mas ele esconde-a de qualquer forma. Para nos libertarmos dos maus hábitos temos de parar de esconder a verdade de nós próprios.

Os obesos, os fumadores e aqueles que deixam sempre ficar tudo para depois têm muito mais em comum com pessoas como o David do que se imagina. Todos chegamos ao ponto de esconder a verdade de nós próprios sobre a natureza destrutiva dos nossos maus hábitos; demasiadas vezes, vidas e famílias são destruídas antes de nos apercebermos da prisão verbal que nos mantém encurralados em comportamentos auto-destrutivos.

A terapia profissional resulta? Pode ajudar as pessoas a acabar com os maus hábitos antes que os maus hábitos destruam as suas vidas? A taxa de abandono é surpreendente: 45% das pessoas que procuram um terapeuta profissional desistem da terapia ao fim de duas ou três sessões.

Os programas ajudam?

Milhões de fumadores abandonaram o tabaco para sempre, sem seguirem qualquer programa de tratamento. Por outro lado, muitas pessoas que experimentaram programas para deixar de fumar não estavam preparadas para deixar o tabaco, não importa quantos programas diferentes experimentassem.

Algumas pesquisas sugerem que por cada pessoa que parar de fumar através de um programa de tratamento, existem quase vinte pessoas que deixam de fumar por si mesmas.

Que conclusão devemos retirar de tudo isto? É bastante claro, penso eu. Você tem melhores hipóteses de se libertar de um mau hábito se for o seu próprio treinador e aceitar a responsabilidade pelo seu próprio programa.

O objectivo deste documento é dar-lhe a informação e a estratégia que lhe darão a possibilidade de se libertar dos maus hábitos. Milhões de pessoas foram bem sucedidas e eliminaram os maus hábitos, e você também o pode fazer.

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